O Paraná no período colonial

quarta-feira, 13 de novembro de 2013

OS POVOS INDÍGENAS

Calcula-se que a população indígena do Paraná antes de 1500 ultrapassava 400 mil habitantes. Eram eles os Xetás e os Guaranis, que pertenciam ao grupo linguístico Tupi, e os Kaingang que pertenciam ao grupo Jê, também denominados tapuias.
Os Xetás habitavam a serra dos Dourados, entre os rios Paraná e Ivaí, no noroeste do estado e, segundo pesquisadores, foram os únicos povos encontrados somente no Estado do Paraná. Com a colonização cafeeira, a chegada do “homem branco” e surtos de gripe e sarampo, a tribo foi dizimada em menos de uma década. Os que sobreviveram foram levados para outros reservas. Hoje, temos conhecimento que restam apenas cinco Xetás – quatro homens e uma mulher aldeados – outros cinco desaldeados, fadados à extinção enquanto grupo étnico.
Os kaingang habitavam as regiões de Palmas e Guarapuava e nas proximidades dos rios Tibagi e Ivaí.
Os guaranis espalhavam-se ao longo das margens do Rio Paraná e eram conhecidos como carijós. Ocuparam também a região litorânea situada entre Cananeia (SP) e a Lagoa dos Patos (RS).
Até a década de 1970 aconteceu  um processo de despopulação entre os índios. Em 1975, existiam em torno de 2.500 indígenas no estado. Em 1985,  somavam 5.000. Hoje, a população indígena paranaense é de cerca de 9.000 índios vivendo em diversas reservas, sob a responsabilidade dos Conselhos Indígenas Regionais ligados à FUNAI ou em aldeias como a de Mococa, em Ortigueira. A população indígena vem crescendo mais do que o dobro dos não-índios. A reversão do quadro se deve a três causas principais: expulsão de invasores das terras indígenas; tratamento sanitário; produção de alimentos em áreas das reservas anteriormente ocupadas por não-índios.
Além das áreas demarcadas para os Kaingang, no momento estão sendo recuperadas terras para os Guaranis. Com relação a estes, observa-se, nas duas últimas décadas, um movimento de retorno ao litoral, onde se encontravam, no início da colonização, com a denominação de “Carijós”.
Da cultura indígena, tiramos muitas informações como os caminhos percorridos, a extração de alimentos, as ervas medicinais, o artesanato,a organização familiar e tribal. No entanto, permanecem em alguns livros didáticos, visões preconceituosas que consideram o indígena como parte da natureza, incapaz de formar sociedades civilizadas ou então como vítima indefesa diante do homem branco. Podemos também citar a valorização de desvios que seriam herdados dos nativos como a preguiça, a beberagem, o nomadismo, a selvageria.

OS PRIMEIROS COLONIZADORES
A maior parte do território paranaense pertencia aos espanhóis. Apenas o litoral pertencia aos portugueses e na divisão do Brasil em capitanias hereditárias, inicialmente o Paraná pertencia à Capitania de São Vicente, depois se tornou sesmaria de Diogo de Unhate e mais tarde foi incorporada à Província de São Paulo.
      Aleixo Garcia foi um dos primeiros europeus a percorrer o território do Paraná utilizando o caminho do Peabiru, chegando até o Oceano Pacífico no início do século XVI.
            O espanhol Álvares Nuñez Cabeza de Vaca, realizou uma grande expedição militar partindo do litoral de Santa Catarina, em 18 de outubro de 1541, com 250 arcabuzeiros e balisteiros, 26 cavalos, dois frades e alguns índios. Cabeza de Vaca atravessou o Paraná utilizando parte do Caminho do Peabiru.  Em 11 de março de 1542 chegou em Assunção, onde se declarou governador.  Cabeza de Vaca foi sucedido por Martinez Irala e, a partir daí, começou a enviar seus homens na direção leste, os quais fundavam povoados.
Toda esta região passou a ser chamada de Província de Guairá e localizava-se entre os rios Paranapanema, Pananá, Piquiri e Tibagi. O significado da palavra “Guairá” é, em guarani, “terra de gente jovem” e, em tupi, “terra intransponível”. Foram criadas as encomiendas que eram formadas em terras doadas às pessoas que nelas quisessem morar, pacificar e catequizar os índios. Somente em 1608, o rei da Espanha cria oficialmente a Província Del Guairá.
Em 1554, por determinação de Domingos Martinez Irala, governador do Paraguai, seu comandado, Garcia Rodrigues de Vergara, fundou o primeiro povoado no Guairá, que foi denominado Ontiveros na margem esquerda do Rio Paraná, que logo seria completamente abandonado. Posteriormente Vergara fundou Cuidad Real Del Guairá e Ruy Dias Melgarejo fundou, em 1576, Vila Rica do Espírito Santo, nas proximidades do Rio Ivaí.
Os índios das encomiendas foram transformados em escravos: plantavam, caçavam, coletavam madeira, trabalhavam nas construções e coletavam erva-mate. Os jesuítas, que eram contra a escravização dos índios, fundaram as reduções ou missões com o objetivo de proteger os nativos, catequizá-los e treiná-los para o trabalho. A população das reduções era de 40 mil índios aproximadamente.
Nesse mesmo período, os bandeirantes buscavam riquezas a partir da escravidão indígenas. Os índios eram capturados e vendidos ou levados para trabalhar nas fazendas dos bandeirantes. As reduções foram todas destruídas pelos bandeirantes que preferiam aprisionar o índio ladino, já catequizado pelos jesuítas. No ano de 1632, não existia mais nenhuma encomienda ou redução no território do oeste do Paraná. Essa região ficou abandonada por mais de um século.

POVOAMENTO DO LITORAL

          Dentre as primeiras referências a presença portuguesa no litoral paranaense, podemos citar a bandeira chefiada por Jerônimo Leitão, Capitão-Mor de São Vicente, que dedicou-se ao apresamento de índios Carijós. Manoel Soeiro, e outros bandeirantes, continuaram as incursões após 1594, até o extermínio de toda a população indígena no litoral sul.
Paranaguá, o mais antigo núcleo povoador do litoral do Paraná, foi fundada pelo espanhol Gabriel de Lara que participava das bandeiras e ocupou a ilha de Cotinga. Em 1656, Gabriel de Lara tornou-se capitão-mor da capitania de Paranaguá.
A região prosperava com a descoberta do ouro de aluvião que atraiu um considerável fluxo populacional vindo de Santos, São Vicente, Cananeia, São Paulo e Rio de Janeiro.
Eleodoro Ébano Pereira foi nomeado “Capitão das Canoas de Guerra das Costas dos Mares do Sul”, tornando-se responsável pela administração das minas, pela vigilância do litoral e pela cobrança do quinto. Em 9 de janeiro de 1649, a Vila Nossa Senhora do Rosário de Paranaguá tornou-se oficialmente a primeira vila de nosso estado.
As cidades de Antonina (1714) e Morretes (1721) surgiram posteriormente, também com a presença de faiscadores na região.
Em meados do século XVII, mineradores que avançavam, uns pelo rio Nhundiaquara, e outros pelo rio Ribeira, vindos de Cananeia, Iguape, Santos, Paranaguá e do interior de São Paulo, estabeleceram de forma precária e provisória, núcleos de garimpeiros que conviviam com indos tingui, da nação tupi-guarani.
No ano de 1668, Gabriel de Lara mandou erguer o pelourinho no povoado, habitado pelos bandeirantes Mateus Martins Leme, Baltazar Carrasco dos Reis e outros quinze chefes de família. Em 29 de marco de 1693, o povoado foi oficializado como Vila Nossa Senhora da Luz dos Pinhais de Curitiba. Somente em 1842 tornou-se cidade.


CAMINHOS 
            Trilhas e picadas abertas na mata pelos indígenas foram utilizadas por tropeiros, mineradores, jesuítas e outros viajantes e aventureiros. Esse caminhos facilitaram a movimentação das mercadorias e ocupação do Paraná.
Os principais caminhos utilizados foram:
PEABIRU à Liga o Peru a São Vicente. Os portugueses chegaram ao Planalto de Piratininga, ficaram surpresos ao saber que existia um caminho no meio da selva – uma estrada de terra batida com mais de 200 léguas, com a largura de 8 palmos, por onde os índios já passavam muito antes do Brasil ser descoberto. A trilha ligava o Atlântico ao Pacífico. Assustados com a descoberta, os jesuítas que vieram com os primeiros colonizadores no tiveram nenhuma dúvida em afirmar que se tratava de obra do sobrenatural. Para os índios era o caminho do Pai Sumé, daí a relação com São Tomé, cujo sincretismo, no dizer do historiador Hernani Donato: “enovelou-se em uma das mais belas e intrincadas complicações dos capítulos iniciais da história brasileira”. A estrada cortava o solo do Paraguai e entrava no Brasil na altura do rio Piquiri, passava os rios Ivaí e Tibagi, e bifurcava-se na altura do Vale do Ribeira. O tronco principal seguia até São Vicente, enquanto outras ramificações se dirigiam a Cananéia e Iguape. Era uma estrada complexa com 1,4m de largura aproximadamente e cerca de 3.000Km
GRACIOSA à Importante via de comunicação entre Curitiba e Antonina, passando por Morretes e Porto de Cima.
ITUPAVA à Também conhecido como Estrada de Cubatão, foi uma das primeiras vias de comunicação entre o litoral e o Planalto de Curitiba.
ARRAIAL à Liga Morretes a Curitiba passando por São Jose dos Pinhais.
VIAMÃO à Era o caminho das Tropas que ligava Viamão, no Rio Grande do Sul até Sorocaba, também conhecido como Estrada da Mata.

O TROPEIRISMO E A OCUPAÇÃO DO INTERIOR
            A ocupação do Paraná tradicional, ou seja, a região dos Campos Gerais, se deu pela concessão de sesmarias e pela posse inicial. Homens ricos e poderosos de São Paulo , Santos e Paranaguá, preocupados com o abastecimento de São Paulo e das regiões mineradoras, mandavam capatazes e escravos para tomar posse de terras ao longo do caminho que ligava Curitiba a Sorocaba. Com o passar do tempo, alegando a necessidade de conduzir o gado, requeriam a sesmaria.
            Um levantamento realizado em 1772 apurou que, em toda a extensão dos Campos Gerais, que correspondia ao eixo percorrido pelas tropas, existiam 50 grandes fazendas e 125 sítios. Os dados revelam que as grandes fazendas dividiam espaços com pequenas e médias propriedades, prevalecendo a mão-de-obra livre.
            Os tropeiros que comercializavam o gado conduzindo-o do Rio Grande do Sul à feira na cidade de Sorocaba, faziam um percurso longo e cansativo. O caminho percorrido era chamado de Estrada da Mata até 1731 quando passou a ser conhecido como Caminho do Viamão. Esse caminho começava em Viamão, no Rio Grande do Sul, passava por Curitiba e pelos Campos Gerais. Os pontos de parada das tropas transformaram-se em pequenos povoados, vilas que hoje constituem cidades como: Ponta Grossa, Lapa, Palmeira, Castro.

AS TRANSFORMAÇÕES DA ECONOMIA PARANAENSE
            No início do século XIX a erva-mate passou a ser comercializada com o Uruguai e a Argentina, exigindo a organização de engenhos que aumentassem a produção, utilizando máquinas a vapor. Em 1885, foi concluída a construção da ferrovia Curitiba-Paranaguá tornando mais rápido o transporte do mate. Até 1920, a erva-mate representou o principal produto de exportação da província.
Paralelamente à exploração da erva-mate, surgem as serrarias e em torno delas eram construídas casas, armazéns e igrejas, formando pequenos povoados. Em 1900, com a construção de estradas, teve início a exportação de madeira para o Rio de Janeiro, São Paulo e também para a Argentina e o Uruguai. Com a primeira Guerra Mundial, a exportação ganhou maior impulso.
A partir de 1894, iniciou-se o plantio do café na região conhecida atualmente como Norte Pioneiro ou Norte Velho. Fazendeiros paulistas e mineiros iniciaram a formação de fazendas de café nos moldes tradicionais, atraídos pela notícia da existência de porções de terra roxa e requeriam as terras ao governo Imperial, mediante aquisição a baixos preços. Nesse período o sistema de sesmaria estava extinto. A Lei de Terras, de 1850, proibiu a ocupação de terras devolutas, permitindo apenas a compra como forma de aquisição de título.  As terras devolutas foram incorporadas ao patrimônio nacional e o governo poder conceder terras apenas para a fundação de povoados, abertura de estradas ou construção de estabelecimento público.
Essa ocupação foi espontânea dos fazendeiros, que, como empresa privada, individual, traziam suas famílias e empregados para trabalhar no cultivo do café e, em menor escala, para a criação de gado. A movimentação da frente pioneira resultou na formação de núcleos populacionais como Tomazina, Santo Antonio da Platina, Venceslau Braz, Jacarezinho, Cambará e Cornélio Procópio. Com a atuação dos paulistas, construiu-se a estrada de ferro de Sorocaba até Ourinhos, município que faz fronteira com o Paraná.
A segunda região, conhecida como Norte Novo e colonizada a partir do plantio do café, abrangia  a área que vai da margem esquerda do Rio Tibagi até as barrancas do Rio Paraná. O governo paranaense também passou a vender lotes de terras de sua propriedade para pessoas interessadas e para companhias colonizadoras que poderiam ser chamadas de loteadoras. Empresas como a Paraná Plantation Limited, companhia inglesa sediada em Londres, organizaram o fluxo migratório numa região correspondente a 515 mil alqueires. O Lord Lovat, representante da companhia, divulgou a venda das terras através de propagandas em que se falava da “terra roxa sem saúva”, apropriada para o cultivo do café. A área foi demarcada e dividida em zonas, depois em glebas e em lotes de cerca de 15 alqueires. Estradas foram abertas ligando as áreas rurais aos centros urbanos e facilitando as trocas comerciais e o escoamento da produção. A compra dos lotes era facilitada, com parcelamento de até 48 meses com 8% de juros ao ano. Os colonos que adquiriam os lotes assumiam o compromisso de preservar 10% da área de floresta. Plantavam o café e uma roça de subsistência.
A partir de 1951, a empresa colonizadora lançou-se em novos empreendimentos e fundou uma companhia subsidiária, a Companhia de Terras Norte do Paraná. Promoveu-se a vinda de paulistas, mineiros, nordestinos que povoaram densamente a região. Posteriormente vieram os colonos estrangeiros como japoneses, alemães, portugueses aumentou a partir de 1930. Esse empreendimento imobiliário originou cidades como Londrina, Apucarana e Maringá. Outras companhias colonizadoras também atuaram em Assaí, Uraí e Sertanópolis.
O cultivo de café se estendeu até o Norte Novíssimo mas nessa região o solo não era tão indicado para o produto. Como o Paraná havia se tornado um dos maiores produtores de café do Brasil, e as exportações cresciam,  as plantações se estenderam de Londrina a Paranavaí entre 1920 e 1960.
As fortes geadas pelas quais o estado do Paraná passou, fez com que aos poucos fossem sendo substituídas as plantações de café por outros produtos de menor risco.
A partir da década de 1960, intensifica-se o cultivo de soja no Brasil. Esse produto adapta-se a qualquer tipo de solo e resiste bem a variações climáticas. A maior parte da produção é exportada.





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