A Arte de Votar

segunda-feira, 25 de outubro de 2010
Recebi esta preciosidade por e-mail da minha amiga Helaine Patrícia. O texto, intitulado "Votar" é de autoria da escritora Raquel de Queiroz e foi publicado na revista "O Cruzeiro", no ano de 1947. É impressionante como, mais de 60 anos após a publicação, o conteúdo permaneça absolutamente atual mostrando a importância da prática política e do exercício do voto consciente. Às vésperas do segundo turno, é uma leitura imprescindível.
VOTAR

Não sei se vocês têm meditado como devem no funcionamento do complexo maquinismo político que se chama govêrno democrático, ou govêrno do povo. Em política a gente se desabitua de tomar as palavras no seu sentido imediato.

No entanto, talvez não exista, mais do que esta, expressão nenhuma nas línguas vivas que deva ser tomada no seu sentido mais literal: govêrno do povo. Porque, numa democracia, o ato de votar representa o ato de FAZER O GOVÊRNO.

Pelo voto não se serve a um amigo, não se combate um inimigo, não se presta ato de obediência a um chefe, não se satisfaz uma simpatia. Pelo voto a gente escolhe, de maneira definitiva e irrecorrível, o indivíduo ou grupo de indivíduos que nos vão governar por determinado prazo de tempo.

Escolhem-se pelo voto aquêles que vão modificar as leis velhas e fazer leis novas - e quão profundamente nos interessa essa manufatura de leis! A lei nos pode dar e nos pode tirar tudo, até o ar que se respira e a luz que nos alumia, até os sete palmos de terra da derradeira moradia.

Escolhemos igualmente pelo voto aquêles que nos vão cobrar impostos e, pior ainda, aquêles que irão estipular a quantidade dêsses impostos. Vejam como é grave a escolha dêsses "cobradores". Uma vez lá em cima podem nos arrastar à penúria, nos chupar a última gôta de sangue do corpo, nos arrancar o último vintém do bôlso.

E, por falar em dinheiro, pelo voto escolhem-se não só aquêles que vão receber, guardar e gerir a fazenda pública, mas também se escolhem aquêles que vão "fabricar" o dinheiro. Esta é uma das missões mais delicadas que os votantes confiam aos seus escolhidos.

Pois, se a função emissora cai em mãos desonestas, é o mesmo que ficar o país entregue a uma quadrilha de falsários. Êles desandam a emitir sem conta nem limite, o dinheiro se multiplica tanto que vira papel sujo, e o que ontem valia mil, hoje não vale mais zero.

Não preciso explicar muito êste capítulo, já que nós ainda nadamos em plena inflação e sabemos à custa da nossa fome o que é ter moedeiros falsos no poder.

Escolhem-se nas eleições aquêles que têm direito de demitir e nomear funcionários, e presidir a existência de todo o organismo burocrático. E, circunstância mais grave e digna de todo o interêsse: dá-se aos representantes do povo que exercem o poder executivo o comando de tôdas as fôrças armadas: o exército, a marinha, a aviação, as polícias.

E assim, amigos, quando vocês forem levianamente levar um voto para o Sr. Fulaninho que lhes fêz um favor, ou para o Sr. Sicrano que tem tanta vontade de ser governador, coitadinho, ou para Beltrano que é tão amável, parou o automóvel, lhes deu uma carona e depois solicitou o seu sufrágio - lembrem-se de que não vão proporcionar a êsses sujeitos um simples emprêgo bem remunerado.

Vão lhes entregar um poder enorme e temeroso, vão fazê-los reis; vão lhes dar soldados para êles comandarem - e soldados são homens cuja principal virtude é a cega obediência às ordens dos chefes que lhe dá o povo. Votando, fazemos dos votados nossos representantes legítimos, passando-lhes procuração para agirem em nosso lugar, como se nós próprios fôssem.

Entregamos a êsses homens tanques, metralhadoras, canhões, granadas, aviões, submarinos, navios de guerra - e a flor da nossa mocidade, a êles prêsa por um juramento de fidelidade. E tudo isso pode se virar contra nós e nos destruir, como o monstro Frankenstein se virou contra o seu amo e criador.

Votem, irmãos, votem. Mas pensem bem antes. Votar não é assunto indiferente, é questão pessoal, e quanto! Escolham com calma, pesem e meçam os candidatos, com muito mais paciência e desconfiança do que se estivessem escolhendo uma noiva.

Porque, afinal, a mulher quando é ruim, dá-se uma surra, devolve-se ao pai, pede-se desquite. E o govêrno, quando é ruim, êle é que nos dá a surra, êle é que nos põe na rua, tira o último pedaço de pão da bôca dos nossos filhos e nos faz aprodecer na cadeia. E quando a gente não se conforma, nos intitula de revoltoso e dá cabo de nós a ferro e fogo.

E agora um conselho final, que pode parecer um mau conselho, mas no fundo é muito honesto. Meu amigo e leitor, se você estiver comprometido a votar com alguém, se sofrer pressão de algum poderoso para sufragar êste ou aquêle candidato, não se preocupe. Não se prenda infantilmente a uma promessa arrancada à sua pobreza, à sua dependência ou à sua timidez. Lembre-se de que o voto é secreto.

Se o obrigam a prometer, prometa. Se tem mêdo de dizer não, diga sim. O crime não é seu, mas de quem tenta violar a sua livre escolha. Se, do lado de fora da seção eleitoral, você depende e tem mêdo, não se esqueça de que DENTRO DA CABINE INDEVASSÁVEL VOCÊ É UM HOMEM LIVRE. Falte com a palavra dada à fôrça, e escute apenas a sua consciência. Palavras o vento leva, mas a consciência não muda nunca, acompanha a gente até o inferno".

                                                              Raquel de Queiroz, "Votar" - para O Cruzeiro, janeiro de 1947.


Myspace Glowing text

Prêmio Top - segundo turno

sexta-feira, 15 de outubro de 2010
Agradeço aos meus amigos, alunos e seguidores pelos votos na primeira fase do prêmio Top Blog. Com o seu apoio o SINAIS DA HISTÓRIA  passou para a segunda fase que elegerá os TOP 30.

Então, a votação continua mas dessa vez é preciso clicar no selinho do Top Blog, digitar nome e e-mail e depois confirmar o voto no e-mail enviado pelo Top Blog na sua caixa.

Conto com vocês novamente e obrigada pela força. Afinal, é isso que motiva um blogueiro como eu.

beijos carinhosos,

Myspace Glowing text

Roteiro de Estudos - 7ªsérie

O que eu preciso saber sobre a Vinda da Família real para o Brasil e sobre a Proclamação da Independência?

•Relacionar as invasões Napoleônicas com a vinda da família real para o Brasil
•Descrever a viagem da família real.
•Explicar a abertura dos Portos decretada por D. João e suas consequências.
•Citar as principais medidas tomadas por D. João como príncipe regente do Brasil e as repercussões dessas medidas na colônia
•Explicar o que foram os Tratados de 1810.
•Explicar a Revolução Liberal do Porto.
•Citar os motivos da Revolução Pernambucana de 1817.

•Relatar o retorno de D. João VI para Portugal.
•Explicar como D. Pedro I assumiu o poder no Brasil.
•Explicar o que foi o Dia do Fico
•Relatar como foi a proclamação da independência no Brasil.

Estude bastante!


Myspace Glowing text

O DIA DAS CRIANÇAS, NA VISÃO DA HISTÓRIA.

segunda-feira, 11 de outubro de 2010
Amanhã, dia 12 de outubro, comemoraremos o dia das crianças. Então estou postando um texto do professor Ricado Sayeg sobre a origem histórica dessa data comemorativa. Leiam!

No Brasil, o Dia das Crianças foi criado por um político: o deputado federal Galdino do Valle Filho, na década de 1920. Em 1924, o então presidente da República, Arthur Bernardes, teria institucionalizado a data através do Decreto número 4.867, de 5 de novembro de 1924. Naquela época, apesar da criação da data, o mercado brasileiro não era tão dinâmico e o Dia das Crianças não era comemorado como nos dias de hoje, nos quais as famílias se veem na obrigação de dar presentes aos menores.

Foi na década de 1960 que a coisa mudou. Naquela época, observando que a data poderia ser utilizada comercialmente e render bons lucros, a fábrica de brinquedos Estrela e a indústria Johnson & Johnson se uniram para lançar a “Semana do Bebê Robusto”. Como o próprio nome dizia, durante essa semana se exaltava a saúde das crianças e sua aparência física, que poderia ser melhorada, é claro, com os produtos da Johnson & Johnson e com o acalento dos brinquedos da Estrela. A partir dessa campanha, outras empresas aderiram à data para aumentar suas vendas e, atualmente, o Dia das Crianças responde por uma considerável fatia das vendas das lojas, só perdendo para o Natal e para o Dia das Mães. O setor de brinquedos e vestuário espera ansiosamente por essa data, pois sabe de sua importância para as crianças de todo o país.

Hoje, a criança tem um papel relevante nas famílias, mas nem sempre foi assim. Até o início do século, a criança não tinha um status próprio. Ela era tratada como um mini adulto, obrigada a se comportar e até mesmo a se vestir como tal. Nos dias atuais, a criança é soberana em casa. Isso ocorre devido à crescente participação da mulher no mercado de trabalho. A ausência dos pais em casa leva o casal a querer compensar a criança de alguma forma e, para suprir os desejos dos filhos, acabam recorrendo ao consumo, o que não resulta muitas vezes, em adultos com boa formação.

Em alguns países, o Dia das Crianças é comemorado em outras datas. Em Portugal e nos países de língua portuguesa, como Moçambique e Angola, por exemplo, o Dia das Crianças é comemorado em 1.º de junho. Na Índia, o dia 15 de novembro foi escolhido como data comemorativa das crianças. No Japão e na China, escolheu-se o 5 de maio.

Outros países comemoram o Dia das Crianças em 20 de novembro. Nessa data, a Organização das Nações Unidas (ONU) aprovou a Declaração dos Direitos das Crianças em 1959. Dentre outras prerrogativas, essa declaração preconiza que as crianças devem ter cuidados especiais antes e depois do nascimento, acesso a uma educação de qualidade, cuidados dos pais e do Estado, entre outras medidas.

Ricardo Barros Sayeg - Mestre em Educação, pedagogo e historiador pela Universidade de São Paulo e professor de História do Colégio Paulista (COPI).




Myspace Glowing text